Adelaide de Jesus Damas Brazão Cabete (1867-1935)

19-11-2015

Adelaide Cabete nasceu em Elvas, a 25 de janeiro de 1867, proveniente de uma família modesta de trabalhadores rurais que trabalhavam na indústria familiar caseira de secagem de ameixas, trabalhos domésticos e agrícolas.

Adelaide casa aos 18 anos de idade com Manuel Ramos Fernandes Cabete, republicano culto e sargento do exército que a incentiva a instruir-se, aos 22 anos realiza o exame de instrução primária, terminando o curso dos liceus aos 27 anos, com distinção.

Em 1896, ingressa na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, onde frequentou o curso de Medicina com figuras ilustres como Alfredo da Costa, Miguel Bombarda e Curry Cabral. Em 1900, já com 33 anos de idade, termina a licenciatura em Medicina com a apresentação da tese "A proteção às mulheres grávidas como meio de promover o desenvolvimento físico das novas gerações", assumindo-se como a terceira mulher (1ª Elisa Andrade em 1889; 2ª Domitila de Carvalho) a cumprir Medicina em Portugal. Após a conclusão da especialidade, exerce Ginecologia e Obstetrícia no seu consultório.

Adelaide apela, como médica, aos cuidados materno-infantis, reivindicando a construção da Maternidade Alfredo da Costa, a qual foi inaugurada em 1932.

Promove também o acesso à saúde pública, bem como algumas medidas profiláticas contra doenças infetocontagiosas. Ainda assim, a sua dedicação ao exercício médico não a impede de defender os ideais políticos nos quais verdadeiramente acreditava. Assim, como política e presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, reclama a proteção à mulher pobre e à jovem grávida, a eliminação da prostituição e os cuidados na educação das crianças. Neste sentido, as variadíssimas obras que publica, ainda em vida, visam apelar à igualdade de direitos entre homens e mulheres e ao direito às condições mínimas de sobrevivência das mulheres. Foi também docente no Instituto Feminino de Educação e Trabalho, tendo lecionado a disciplina de Higiene e Puericultura, em Odivelas.

Nos congressos nacionais e internacionais feministas em que participou, durante a década de 20, divulga o papel da mulher nos vários domínios da sociedade portuguesa.

Médica, republicana, sufragista e defensora convicta dos ideais feministas, figura incontornável na História das Mulheres Portuguesas, soube impor-se numa sociedade fechada, tradicionalmente patriarcal, onde o casamento, ao invés de se tornar no "fado" ou em "fardo", tornou-se precisamente fonte de crescimento e liberdade, feminista assumida, nunca olhou o matrimónio como um impedimento, para lutar pelos seus objetivos.

Adelaide foi notável entre os pares, num universo maioritariamente composto por homens. De ideias firmes e de fortes convicções, foi uma lutadora excecional, soube ser solidária, destemida mulher de causas. Neste domínio, Adelaide Cabete é inseparável da história e dos movimentos das ideias sociais e políticas que estimulam à implantação da República em Portugal, a 5 de outubro de 1910.

Ativista, militante e dirigente de diversas organizações como a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (LRMP), as Ligas de Bondade ou a Liga Portuguesa Abolicionista destaca-se sobretudo como Presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP), que funda e do qual é a principal impulsionadora. Em 1914, Adelaide Cabete entregar-se-á ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP), organização feminista que teve, na época maior número de sócias, gozou de maior longevidade (1914-1947) e mais se internacionalizou.

Defendia a vantagem na permanência das mães em maternidades para acompanhamento pós-parto, zelando por ambientes em condições higiénicas favoráveis ao desenvolvimento saudável das crianças recém-nascidas. Colocou-se sempre na defesa da vida, e manifestou-se contra o aborto, chega a afirmar, perante a prática abortiva, que eram as mulheres pobres as mais negligenciadas e maltratadas, as primeiras a sucumbir na sequência de abortos feitos pelas parteiras, em péssimas condições.

Vemo-la, ainda, na esteira do combate à tuberculose, imputando responsabilidade para este flagelo à fome, aos maus hábitos alimentares e de higiene, radicados na ignorância e pobreza. Associada a esta luta, Adelaide Cabete deu início a outras, denunciando hábitos prejudiciais à saúde, tais como a ingestão de álcool.

Ela teve a preocupação de desenvolver todas as ações ao seu alcance, vocacionadas à emancipação das Mulheres. E foi essa ideia que a fez também criar a Loja maçónica Feminina Humanidade ( em 1 de março de 1907) Loja de Adoção dos Maçons do Grande Oriente Lusitano, da qual foi a Presidente. Era sua ideia que as mulheres, tendo as mesmas capacidades que os homens, deviam, em consequência, ter também os mesmos direitos.

Adelaide Cabete, envolve-se noutro dos aspetos de que se reveste a luta das mulheres nesta época - o acesso ao voto. A luta pelo sufrágio feminino em Portugal, como aliás no resto do mundo, foi alvo de fortes resistências provenientes dos mais diversos quadrantes sociais e políticos, até das próprias mulheres.

Em 1929 parte, para Angola, onde se empenha na defesa dos direitos dos indígenas e de outras causas justas, sem nunca esquecer a luta pela criação de maternidades e de instituições para crianças. Em Luanda, Adelaide Cabete abriu consultório médico, mas continuou a colaborar em jornais locais. A sua atividade em África foi também intensa, participando em cursos, colóquios, dando conferências, chegando a lecionar em cursos de «férias» no Liceu Salvador Correia.

Em 1934, fica ferida num acidente com uma arma de fogo. Pouco tempo depois, com a saúde ainda debilitada, decide voltar a Lisboa, onde sofre uma queda, que lhe parte a perna, com 67 anos. Morre a 14 de Setembro de 1935, em Lisboa, na freguesia de São Sebastião da Pedreira.


Trabalho realizado por Arminda Santos, Adelaide Dias, Anselmo Anjos, Isabel Taveira e Sandra Monteiro, , da turma do 3º ano da Licenciatura em Serviço Social 20/21, com base nas seguintes fontes:

https://www.google.com/search?q=adelaide+cabete+imagens&newwindow=1&rlz=1C1CHBD_pt-PTPT890PT890&sxsrf=ALeKk026Ca_kDKQ_BeQWSdioAIFrGwwr6w:1606295715301&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=59hMicIauUzRBM%252CJGpWt908jBki-M%252C_&vet=1&usg=AI4_-kT7Z2FhLfJCP1cxLPPW6v1zXBkggg&sa=X&ved=2ahUKEwit3Y7srZ3tAhWiShUIHSyFB08Q9QF6BAgDEDw#imgrc=59hMicIauUzRBM

https://www.laicidade.org/documentacao/historia/biografias-adelaide-cabete/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Adelaide_Cabete

LOUSADA Isabel, Perfil de Uma Pioneira: Adelaide Cabete (1867-1935), Editora Fonte da Palavra, Associação Cedro, Março de 2011, ISBN 978-989-667-047-4


© 2020 LUTO [EU]. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Webnode Cookies
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora