Maria de Lourdes Pintassilgo

19-11-1980

Maria de Lourdes Ruivo da Silva Matos Pintasilgo, nasceu a 18 de janeiro de 1930 e em 1953, aos 23 anos, licenciou-se em Engenharia Químico-Industrial no Instituto Superior Técnico de Lisboa, sendo uma das três mulheres neste curso, demonstrando que estas também poderiam suceder neste campo. Ainda no mesmo ano, iniciou a sua carreira profissional como investigadora na Junta Nacional de Energia Nuclear e, em julho de 1954, foi nomeada chefe de serviço no Departamento de Investigação e Desenvolvimento da Companhia União Fabril (CUF) sendo que mais tarde assumiu a direção dos projetos da mesma.

A partir de 1952, atingiu os marcos de presidente da Juventude Universitária Católica Feminina (JUC/F), sendo co-presidente do I Congresso Nacional da Juventude Universitária Católica, e mais tarde, em 1958 presidiu o Congresso Mundial de Estudantes e Intelectuais Católicos. A sua participação no movimento católico português deu-lhe uma posição de destaque, levando-a a ser eleita para o cargo de presidente internacional da Pax Romana - Movimento Internacional de Estudantes Católicos (entre 1956 e 1958). Também fundou com Teresa Santa Clara Gomes, em Portugal, o movimento Graal em 1957, um movimento internacional cristão de mulheres de diferentes etnias e culturas que tem como objetivo a potencialização da sua participação quer no âmbito cívico, como no âmbito social, tornando-se, mais tarde, vice-presidente internacional do mesmo (1964-1969).

Em 1961, participa em Genebra, na sessão da Comissão do Estatuto da Mulher e em 1966, é designada pelo Papa Paulo VI como representante da Igreja Católica num grupo de ligação universal.

Entre 1970 e 1973, trabalhou como consultora junto do Secretário de Estado do Trabalho e Previdência, do Ministério das Corporações e Previdência Social. Presidiu ainda, novamente a convite de Marcelo Caetano, o Grupo de Trabalho para a Participação da Mulher na Vida Económica. No exercício dessas funções, integrou a Delegação Portuguesa à Assembleia Geral da ONU, tendo aí realizado cinco intervenções, subordinadas às problemáticas: do direito dos povos à autodeterminação e à situação social no mundo (em 1971) e à juventude, condição feminina e liberdade religiosa (1972), sendo que em 1973 foi nomeada presidente da comissão para a política social relativa à mulher.

Foi a primeira mulher a exercer funções na secção de Política e Administração Geral, até abril de 1974, na qualidade de procuradora e no qual assinou vários pareceres, relativos a questões como a liberdade de imprensa, o modelo de desenvolvimento económico e as alterações à Constituição.

Depois da revolução do 25 de Abril de 1974, foi nomeada secretária de Estado da Segurança Social no I Governo Provisório e ocupou, como ministra, a pasta dos Assuntos Sociais nos II e III Governos Provisórios entre 1974 e 1975. O programa de ação que concebeu (que introduz a aplicação do princípio da universalidade das prestações sociais do Estado) mereceu o destaque de programa-modelo, por parte da ONU.

Entre maio e setembro de 1975, foi ainda designada membro eleito do Conselho de Imprensa e ainda, neste ano, instala a Comissão da Condição Feminina, presidindo a mesma. Mais tarde em 1979 foi nomeada delegada permanente de Portugal junto da UNESCO.

Foi, em 1979, a primeira e única mulher a desempenhar o cargo de primeira-ministra em Portugal, tendo sido designada pelo presidente da República para chefiar o V Governo Constitucional (entre 1979 e 1980). Posteriormente em 1986 foi também a primeira mulher candidata independente às eleições presidenciais sem o apoio de qualquer máquina partidária e gozando do prestígio que recolhera enquanto primeira-ministra. Entre 1987 e 1989 foi também, deputada no Parlamento Europeu, mas desta vez integrada como independente no Grupo Socialista.

Anos mais tarde, entre 1992 e 1999 foi membro da Universidade da ONU; pertenceu ao Comité de Sábios da Europa; presidiu à Comissão Independente para a População e a Qualidade de Vida; foi co-presidente da Comissão Mundial da Globalização; e tornou-se membro de Council of Womem World Leaders (EUA).

Nos últimos anos da sua vida assumiu a presidência vitalícia da Fundação "Cuidar do Futuro" por si concebida em 2001, falecendo a 10 de julho de 2004 aos 74 anos.

A obra publicada de Maria de Lourdes Pintasilgo é variada, contemplando desde livros, ensaios, relatórios, conferências, prefácios, além de um vasto número de artigos em jornais e revistas. As principais temáticas abordadas nos seus artigos são sobre a participação das mulheres no desenvolvimento/qualidade de vida, na cultura e na política, a renovação da teoria e prática políticas, a espiritualidade e o compromisso cristão.


Trabalho elaborado por Beatriz Martins, Ana Magalhães, Luana Festas e Carina Sousa, da turma do 3º ano da Licenciatura em Serviço Social 20/21, com base nas seguintes fontes:

Anónimo (2018), Evocar Maria de Lourdes Pintasilgo. Acedido Outubro 26, 2020, em https://www.cig.gov.pt/2018/01/evocar-maria-lurdes-pintassilgo/

Bastos, Luísa (2004), Morreu Maria de Lurdes Pintassilgo. Estrato de reportagem, RTP, consultado Outubro 28, 2020, em https://ensina.rtp.pt/artigo/biografia-de-maria-de-lurdes-pintassilgo/

Arquivo da Fundação Cuidar o Futuro:

Pasta nº 0212.006 Dados biográficos da Engª Maria de Lourdes Pintalsilgo: (texto do diaporama biográfico apresentado a 27 de julho-Ritz), Lisboa. (s.d.). 

Consultado Outubro 27, 2020, em https://www.arquivopintasilgo.pt/arquivopintasilgo/Documentos/0212.006.pdf

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